O processo de luto é uma resposta a uma perda significativa. É uma resposta natural que ocorre quando há o rompimento de um vínculo com algo ou alguém. Essa perda causa desorganização na maneira de ser e perceber o mundo, um período de crise que exige inúmeras adaptações para lidar com a nova realidade.
O luto não ocorre apenas em casos de morte; passamos por diversos lutos durante a vida. Pode variar o que foi perdido (real ou simbólico), a forma como ocorreu a perda e a intensidade da experiência.
Alguns exemplos de luto:
Perda de um ente querido
Perda gestacional
Perda de um animal de estimação
Término de relacionamento / separação
Perda de um emprego
Perda da saúde (adoecimento / perda de funções do corpo)
Aposentadoria
Mudança de cidade
Alterações na dinâmica familiar
Etapas do desenvolvimento (abandonar a infância, sair da casa dos pais, etc.)
Reações ao luto:
Existem algumas reações comuns vivenciadas no processo de luto, embora cada indivíduo relate uma experiência única. Além dos aspectos emocionais, são esperadas reações físicas, cognitivas, espirituais e sociais. Hoje, sabe-se que essas reações não ocorrem de forma ordenada e que nem todos as vivenciam da mesma maneira.
Quanto tempo dura?
Antigamente, acreditava-se que o luto tinha início, meio e fim, com um conjunto de fases e reações que precisariam ser "superadas" para então "aceitar" a perda e voltar a viver. Atualmente, entende-se que essa é uma teoria ultrapassada.
Hoje, com novos estudos e observações, compreende-se que o luto é um processo dinâmico com muitas oscilações. O que isso quer dizer? Existem dias mais reflexivos e difíceis, e outros dias com maior desejo de viver, em que a pessoa consegue voltar à rotina, oscilando entre dias bons e dias ruins, entre diferentes sentimentos e reações.
Infelizmente, muitas pessoas enlutadas ainda ouvem comentários difíceis sobre essas oscilações, especialmente sobre "superar" o luto. Por isso, é importante contar com o apoio de um profissional que estude o luto.
O luto acaba?
O luto é uma luta diária, em que você precisa vivenciar e cuidar da sua dor, mas também encontrar formas de se adaptar à nova realidade. Com o tempo, a dor latente vai diminuindo, e você vai adquirindo maneiras de lidar com esses sentimentos e com a nova realidade.
Não existe um tempo mínimo ou máximo para isso; é um processo em que cada pessoa tem seu próprio tempo.
A dor alivia, mas o luto é constantemente revisitado por sentimentos de saudade e lembranças.
Quando procurar um profissional?
É importante estar atento à frequência e à intensidade das reações descritas anteriormente. Caso essas reações persistam por um longo período e causem prejuízos à sua vida, está na hora de buscar ajuda profissional.
Algumas reações que merecem atenção:
Desejo de morte para reencontrar o ente querido;
Dificuldade em retomar as atividades cotidianas;
Negação da realidade;
Humor frequentemente alterado (depressivo, irritado, agressivo, etc.);
Isolamento e evitação social;
Abuso de substâncias (medicações, álcool, drogas, etc.);
Pensamentos suicidas e comportamentos autodestrutivos;
Sentimento constante de vazio e angústia.
Você também pode buscar a terapia como um espaço para ser escutado, para poder falar do que sente verdadeiramente, sem julgamentos ou comentários. Ter um espaço para vivenciar o luto e ser acolhido.
A psicoterapia pode te ajudar a acolher sua dor e a reorganizar sua vida após a perda.
Não é vergonha pedir ajuda! Você não precisa passar por isso sozinho!